sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A dor e a delícia de ser mãe

Passei por maus bocados até começar a entender meu bebê. Eu não sabia que ela podia ter tanta fome e acabei, confesso, fazendo a pobrezinha chorar horrores me implorando por comida e eu jurando que era outro incômodo. O conceito da livre demanda ainda não tinha ficado muito assimilado, porque eu achei que a frequencia das mamadas não podia ser tanta assim, então acabei impondo um intervalo de mais ou menos 2 horas e, se ela chorasse antes disso, eu achava que era manha.
Tive momentos em que senti raiva da Aurora e, logo depois, pedia mil perdões pra ela. Eu meio que compreendo - não justifico, mas compreendo - essas mães que tacam os bebês nas paredes. Pensa numa mulher desiquilibrada, com hormônios todos jorrando, sem um companheiro ou alguém que ajude a cuidar do bebê, e tendo que dar conta de um berreiro sem fim. O carinho vai acabando, a paciência vai acabando, a noção também... Ainda bem que eu tinha o Nego, a minha mãe e não tive depressão pós-parto. Aurora chorou demais! De incômodos generalizados, de fome e de cólica, que começou com uns 15 dias. Ela teve MUITA cólica por uma semana. Dava dó de como ela se agitava e chorava. Um pranto enorme, que me fazia imaginar que ela estava sentindo a maior dor da vida dela. Me imaginei voltando a sentir, todas as noites, as contrações do parto. E aí me comovi muito pelo meu bebê. Já nem me irritava por ter que ficar algumas horas da noite embalando, massageando e pedindo a Deus que aliviasse a dor dela. Só passou quando começamos a usar um medicamento homeopático - santo remédio! - prescrito pelo Dr. Nicim.
Em alguns momentos chorei bastante. Achei que minha filha não gostava de mim. Isso porque tinha vezes que eu não conseguia acalmá-la e, era só passar pro colo do Arthur que ela calava.
Aí, com muita paciência, fui experimentando outras coisas, outros jeitos de segurá-la, outras formas de embalar... E, assim, fui descobrindo o que a tranquilizava. Hoje posso dizer que somos ótimas amigas! rs Ficar dançando com ela pela sala e depois perceber que ela está dormindo é super gratificante.
Acho que não tive  medo em momento nenhum em relação aos cuidados com ela. Banho, fralda (de pano! yes, está funcionando!), cortar unhas, estou tirando de letra! Arthur também e como ele me ajuda!!! É um super companheiro e pai.
Outra companhia bem bacana é a da chupeta... rs Eu achei que jamais ia sucumbir à tentação da chupeta, mas, como ouvi de algumas pessoas bem bacanas, a gente não pode ficar se cobrando tanto. As palavras do nosso pediatra foram: "Se der e tirar na hora certa, não tem problema." O fato é que a chupeta funciona. Acalma. Acalma todo mundo.
Ao final do primeiro mês, Aurora já passa mais tempo acordada e eu tento deixar as tarefas da casa nesses momentos, pra poder curtir os olhinhos e movimentos dela. E pra que ela me veja e sinta meu amor.
Nunca ouvi ninguém dizer isso, mas não me importo em ser a primeira: acho que não não amei minha filha assim que ela nasceu. Ela só dormia e dava trabalho. Mas, aos poucos e, em muito pouco tempo, descobri um sentimento inexplicável. Um misto de amor adolescente, que faz suspirar, com uma saudade o tempo todo, com um medo de perder, com um "eu não sei parar de te olhar". Todas as músicas são pra ela, através de composições simples e delicadas e através de paródias. Ela já tem tantos apelidos carinhosos, já ganhou tantos beijinhos. É mesmo um romance, como o início de um namoro, onde tudo é belo e faz suspirar. Só que eu sei que esse sentimento não vai mudar nem com muitos anos. Até porque, até hoje, eu sou o bebê da minha mãe. E Aurora é meu bebê! Agora eu entendo esse universo lindo que é ser mãe. E só que é mãe pode sentir isso tudo que eu falei...



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